terça-feira, 22 de setembro de 2009

Como uma onda no mar...

Quis evitar seus olhos, mas não pude reagir... ok, eu não evitei os olhos azuis, mas evitei (e levitei com) seus olhares e suas observações. Pois bem, eis-me aqui para inaugurar (finalmente!) esse blog.

A idéia de blog como diário pessoal e particular não será de todo abolida, mas dificilmente também será impessoal e público. Digamos que uma ppp. Traduzindo: uma parceria público- privada.

Posso tê-lo, quiçá, não como um Diário Oficial - seja da União, dos Estados, Distrito Federal ou Municípios – mas sim como um Diário Oficioso. Como um ócio gostoso, a La Domenico De Masi. Um diário não-oficial, posto que me sinto impelida a escrever nos dias, momentos e noites menos oficiais de todos, como agora nesta madrugada!

Que seja da União: de propósitos, de bons intentos e inventos, desalentos, atentos ou não; dos Estados: dos mais diversos e paradoxais, desde o estado de percepção total do ser, de imersão plena no mundo e de coesão inabalável com o Universo, até os mais inquietantes estados de dúvidas, indignação, inconformismo ou incompreensão; seja também um diário do Distrito, restrito e reservado, Federal confederado, território do meu coração, ou, finalmente, dos munícipes, com múnus e manus, munido, manualmente feito, como obra de oblação a quem com ele se identificar.

Hoje, celebrei como há muito não fazia, o ritual de Ostara, para receber de braços abertos – e olhos, coração e alma - o florescer da Primavera. Um ritual de prosperidade, fartura e fertilidade, mas, sobretudo, um ritual de equilíbrio. Um marco nas estações do ano em que o dia e a noite se igualam, se completam de forma equânime. E mesmo eu, que não sou tão afeta a maniqueísmos, tenho de sucumbir a certos contrapostos, afinal não existira som / se não houvesse o silêncio / Não haveria luz / Se não fosse a escuridão / A vida é mesmo assim, Dia e noite, não e sim... É também preto no branco!. Como o é, inclusive, e que fique registrado meu encantamento, o apezinho lindo de Manu. E que pode sim ser considerado um templo, não apenas por ter acolhido nossas reverências às deidades da Natureza, mas porque, em sendo lar, é extensão da própria dona que, por sua vez, é igualmente templo em si mesma.

E eu também sendo templo, em tempo de Lua Nova, renovo mais uma vez o ciclo que, exatamente por ser cíclico, é sempre um começo novo. Nada do que foi será / De novo do jeito que já foi um dia... E se o que recomeça, inova, encanta e nos rouba o fôlego, sabe, é aquela coisa, é melhor não resistir e se entregar.

Então, fiquemos por aqui, que as horas voam e tudo passa, tudo sempre passará, ou como diria Mário Quintana: “eles passarão e eu passarinho”. Sim, eu passarinho, louca para encontrar meu ninho.

Algumas resoluções, algumas definições, mas, sobretudo, aquilo que por ora acredito, ficará aqui registrado. E eu já creio no amor, numa boa e vejo a vida mais clara e farta /repleta de toda satisfação / que se tem direito / do firmamento ao chão. Acredito na vida, pois. Como digo lá meu flog, Sempre é tempo, nunca, não. Nunca é ausência de tempo. E se nunca for certeza, toda certeza vã não sobrará.

Aqui, meu recado. Aqui meu blog, que sempre pairou em mim como uma idéia que existe na cabeça não tem a menor obrigação de acontecer.

Hoje, fazendo um tributo a Lulu, nas citações (inconfundíveis) de seus grandes sucessos, pelo show maravilhoso do findi (20/09,Concha Acústica do TCA) e porque se, de alguma forma, eu não puder fazer o bem ao trazer à tona meus pensamentos, como bem diz nosso querido romântico, para todo mal, a cura.